RECICLAGEM EM NÚMEROS
O Atlas Brasileiro da Reciclagem em sua edição de 2023 informa o total de cada material reciclado no Brasil, no ano base de 2022. Traz também uma estimativa do total de resíduos coletados seletivamente no Brasil, bem como do índice de rejeito dos resíduos coletados. E apresenta uma panorâmica da situação do mercado de reciclagem em cada região do Brasil, comparando quantidades comercializadas e preços de venda praticados em cada uma, para cada tipo de material.
O Atlas Brasileiro da Reciclagem informa a porcentagem total de reciclagem dos principais materiais encontrados no RSU no Brasil no ano de 2022, segundo dados da indústria transformadora. Ainda não foi possível nesta edição, quantificar exatamente este total, já que os dados de produção das embalagens produzidas a partir de cada matéria-prima não são facilmente acessados. Da mesma maneira, não há dados mais precisos sobre o total de resíduos coletados seletivamente no Brasil, bem como do índice de rejeito deste resíduo coletado. Estes são dados cuja coleta e tratamento esperamos aprimorar nas próximas edições do ATLAS, a partir da coleta de dados primários e outros cruzamentos de dados. Esperamos também, nas próximas edições, apresentar um panorama da situação do mercado de reciclagem em cada região do Brasil, comparando quantidades comercializadas e preços de venda praticados em cada uma, para cada tipo de material.
A reciclagem de resíduos é considerada uma grande fonte de economia de energia e promotora de recuperação de CO2. Além disso, gera empregos e muda os mercados no mundo. O índice de reciclagem de papel no Brasil, por exemplo, é um dos maiores do mundo. Em 2020, 66,7% do papel produzido no país (cerca de 5,02 milhões de toneladas) retornaram para o processo produtivo (IBÁ, 2021).
O crescimento consistente da indústria da reciclagem, observado na maior parte das duas primeiras décadas dos anos 2000, foi fortemente impactado pela pandemia. Em 2020, observou-se, em comparação ao ano de 2019, diminuição de 4,9% e 11,7% no número de empresas e empregos na cadeia de reciclagem de plástico, respectivamente.
O Quadro abaixo resume alguns dados quantitativos significativos da cadeia da reciclagem.
DADOS SIGNIFICATIVOS SOBRE A RECICLAGEM NO BRASIL | ||
Dados | Fontes | |
O mercado da reciclagem | ||
O valor do PET pago pelos intermediários às ACs é, em média, 400% superior ao valor pago ao catador individual | Rutkowski, Rutkowski, 2017 | |
Há uma variação de preços dos materiais ao longo do ano e entre as regiões do Brasil, com os preços médios variando de R$ 0,28 para o vidro até R$ 6,45 para o alumínio. A Região Norte registra os menores preços para a maioria dos materiais, com exceção do papel e do vidro, cujos preços médios são menores na Região Centro-Oeste do país. | ATLAS, 2022; Rutkowski, Rutkowski, 2017 | |
A produção de resíduos plásticos corresponde a 22,21% do volume comercializado pelas associações e cooperativas de Curitiba e representa, em média, 43,43% da movimentação financeira desses empreendimentos. (Relatórios de produção analisados no período entre setembro de 2019 e dezembro de 2020) | Bolson, 2023 | |
Os plásticos representam 17% de todos os resíduos que são processados pela cadeia da reciclagem e 38% do valor comercializado pelos catadores de materiais recicláveis (FUNDAÇÃO HEINRICH BÖLL BRASIL, 2020). | Gonçalves-Dias et al., 2023 | |
O Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de resíduos plásticos do mundo, antecedido pelos Estados Unidos (70,8 milhões de toneladas), China (54,7 milhões de toneladas) e Índia (19,3 milhões de toneladas). Cada brasileiro gera cerca de um quilo de lixo plástico por semana, o que coloca o Brasil em segundo lugar em produção per capita de resíduos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. | Bolson, 2023 Gonçalves-Dias et al., 2023 | |
A atuação dos Municípios | ||
Apenas 27,5% das cidades brasileiras oferecem serviço de coleta seletiva porta-a-porta, modelo operacional mais indicado para aumentar as taxas de reciclagem de RSU. | SNIS, 2023 Eunomia, 2023 Ciclosoft 2023 | |
As empresas contratadas pelas Prefeituras são responsáveis pela coleta de 46,6% da massa do RSU proveniente de coleta seletiva, enquanto as ACs coletam 35,3% | SNIS, 2023 | |
Em apenas 168 cidades registradas no ATLAS em 2022 identificou-se associações e cooperativas contratadas como prestadoras de serviço de coleta seletiva. | ATLAS, 2023 | |
Do total de 994 organizações de catadores participantes do ATLAS, foi possível identificar 250 organizações contratadas como prestadoras de serviço de coleta seletiva, num universo de 642 para as quais foi possível obter este dado, implicando em 39% do total. | ATLAS, 2023 | |
Somente 6,5% dos municípios têm relações formalizadas com as associações e cooperativas, considerando tanto contratos quanto convênios e termos de cooperação | Ciclosoft, 2023 | |
A atuação dos Catadores | ||
9 em cada 10 kgs de embalagens recicladas chegam à indústria de reciclagem por meio do trabalho dos catadores | Dias, Vallin, Alves, 2022 | |
64% das unidades de triagem municipais são geridas por associações ou cooperativas de catadores | SNIS, 2020 | |
74% dos catadores associados em cooperativas têm escolaridade de até o ensino fundamental completo, e 2% concluiram o ensino superior. | ATLAS, 2023 | |
24% dos/as catadores/as concluíram até o ensino fundamental, sendo que esta média é de 40% dentre a força de trabalho no Brasil. | ATLAS, 2023 | |
Dos 65.829 catadores que compõem as organizações registradas no ATLAS, 79% se declaram negros e pardos, e apenas 1% são indígenas. As mulheres constituem 56% do total de trabalhadores e são 61% das diretorias das organizações. | ATLAS, 2023 | |
64% dos catadores/as têm acima de 40 anos e 15% têm acima de 60 anos, percentagens superiores a da força de trabalho do Brasil, onde , em média, 45% tem mais de 40 anos e somente 8%, têm acima de 60 anos. | ATLAS, 2023 | |
Parque Industrial da Reciclagem Popular | ||
Foram identificadas 2018 associações e cooperativas de catadores/as de materiais recicláveis em funcionamento no Brasil, sendo que 82% delas estão legalmente formalizadas | ATLAS, 2022 | |
69% das ACs possuem galpões próprios (ou em concessão) para trabalhar, mas apenas 32% possuem os equipamentos básicos para maior produtividade, e somente 4% possuem, ao mesmo tempo, os equipamentos básicos e o galpão para trabalhar. | ATLAS, 2023 | |
A produtividade média por catador em 2022 foi de 0,95 ton/trabalhador/mês. | ATLAS, 2023 | |
A produtividade média por catador associado/cooperado é de 2,2 toneladas em organizações que possuem os equipamentos básicos e cerca de 1,0 tonelada/trabalhador/mês em organizações que atuam sem os equipamentos básicos, mesmo valor de 2022. | ATLAS, 2023 ATLAS, 2022 | |
A média de catadores das cooperativas/associações é de 34, sendo que 49% delas têm até 18 catadores. | ATLAS, 2023 | |
No ano de 2022, a remuneração média dos catadores associados/cooperados foi de R$1.478,82, 22% acima do salário-mínimo vigente no Brasil à época. | ATLAS, 2023 | |
A remuneração média dos catadores vinculados a ACs que tinham contrato com o poder público em 2021, era de R$1.730,58, enquanto este valor desce para R$1.292,01 quando as ACs não têm contrato com o poder público. | ATLAS, 2023 | |
Taxas de recuperação | ||
Em 2021 a taxa de recuperação de recicláveis por associação/cooperativa variou de 0,162 a 370 toneladas. | ATLAS, 2022 | |
No Distrito Federal, em 2020, o índice de rejeitos das cooperativas que fazem o trabalho de coleta e triagem de materiais recicláveis foi de 18,3%, enquanto o índice de rejeitos das cooperativas que realizam apenas a triagem dos materiais coletados por empresas foi de 63%. | SLU/DF, 2020 | |
Foram gerados 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos em 2021 no Brasil, pouco mais de 1% a menos do que em 2020, tendo sido coletado 76,1 milhões de toneladas, dos quais mais de 80% foram materiais reaproveitáveis e recicláveis. | ABRELPE, 2022; ABRELPE 2021 | |
A fração molhada do RSU no Brasil corresponde a 45,3% do total coletado, e a dita fração seca, que corresponde a 33,6% deste total, é constituída de 6,9% de metais, 31% de papel e papelão, 50% plástico, 8% vidro e 4,2% de outros resíduos . | ATLAS, 2023; PLANARES,2023ATLAPLANRES, 2023S, 2022 PLANARES, 2022 | |
Já a massa comercializada pelas organizações regsitradas no ATLAS 2023, se compõe, em média de 3,9% de metais, 69,9% de papel, 15,7% de plásticos, 10,4% de vidros, e 0,2% de outros materiais. | ATLAS, 2023 | |
Entre 2021 foram relatados os seguintes índices de reciclagem de plástico pós-consumo no Brasil: PET: 56,4% PEAD: 29% PP: 20,3% PEBD: 10,6% PS: 9,4% PVC: 3% plásticos pós-consumo (média): 23,4 | ABIPET,2021, ABIPLAST, 2022; INSTITUTO PVC, 2022 | |